“Essa é a pior crise que o setor já teve. Nessa, a queda foi abrupta", arma José Carlos Martins, presidente da CBIC Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC)."Uma coisa é você estar caminhando e tropeçar. Outra, é você estar correndo e tropeçar. O tombo é muito maior”
A construção civil ainda está em retração em 2017 e seu desempenho segura
a recuperação da economia brasileira. Um levantamento do Sindicato Nacional da
Indústria da Construção Pesada (Sinicon) em parceria com a LCA Consultores
mostra que a construção é o componente do Produto Interno Bruto (PIB) com a
queda mais intensa entre todos os setores em 2017.
No 1º semestre, o PIB da construção caiu 6,6%, frente ao 1º semestre de
2016, puxando para baixo o resultado geral da indústria (-1,6%) e do PIB total,
que acumulou variação zero nessa base de comparação. Veja tabela abaixo:
Os dados mostram que a construção caiu mais do que a média da economia nos
últimos 3 anos e tem sentido a crise de forma mais profunda. Desde o
2ºtrimestre de 2013, a queda acumulada é de 14,3%, segundo o IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística), enquanto que o PIB total recuou 5,5%
nos últimos 4 anos. Neste período, quase 1 milhão dos 2,7 milhões de vagas formais
que deixaram de existir no país foram na construção.
No segundo semestre, o emprego no setor ensaia uma leve recuperação e teve
a segunda alta mensal em agosto, com a criação de 1.017 novos postos de trabalho
com carteira assinada no mês. No acumulado do ano, a construção civil fechou
30.330 vagas, de acordo com dados do Ministério do Trabalho.
"A economia brasileira está melhorando, mas a construção que é um
setor que tem um impacto enorme não está. O PIB da construção já caiu 3 anos
seguidos e continua caindo", resume Petrônio Lerche Vieira,
diretor-executivo do Sinicon.
O economista do Ibre/FGV, Júlio Mereb, projeta que a construção civil
fechará 2017 com queda de 5,7% ante uma alta de 0,8% do PIB do Brasil.
"Realmente, esse deve ser o último setor da indústria a se recuperar e
o desempenho ruim da construção é um dos principais fatores a ainda frear a recuperação
do investimento no curto prazo", afirma.
Além de ser um setor intensivo em mão de obra, a retomada mais lenta da
construção civil preocupa porque ela responde por cerca de 50% dos investimentos
da economia. No 2º trimestre, a taxa de investimentos no país foi de 15,5%,
segundo o IBGE, a menor para o segundo trimestre da série histórica iniciada em
1996.
O fraco desempenho da construção civil nos últimos anos é reflexo do
encolhimento das construtoras envolvidas na operação Lava Jato, da forte queda
nos investimentos públicos e do esfriamento do mercado imobiliário, além da
própria crise econômica, disseram os especialistas consultados pelo G1.
'Mão de obra dizimada'
Ao todo, há 2,21 milhões de pessoas trabalhando em vagas com carteira
assinada na construção, um número ainda muito aquém dos 3,21 milhões
registrados em agosto de 2013.
“A mão de obra do setor foi dizimada. Enquanto a economia perdeu 5% dos
empregos com carteira, a construção perdeu 35%. É um número estupidamente
maior”, arma Petrônio Lerche Vieira, diretor-executivo do Sinicon.
Na esquina das ruas Barão de Itapetininga e Dom José de Barros, no Centro
de São Paulo, desempregados da construção civil se reúnem diariamente à procura
de uma oferta de trabalho. No local, as histórias se repetem.
São pedreiros, marceneiros e ajudantes gerais que armam já ter trabalhado
em grandes canteiros de obras e que atualmente sofrem para encontrar
"bicos".
"Sempre quando eu saía de um emprego, antes de eu receber a rescisão,
já me mandava para outro, agora está complicado. Não está aparecendo nada. Só promessa”,
diz Francisco Aparecido Siqueira Silva, de 44 anos, desempregado há 2 anos.
José Eduardo de Araújo, de 63 anos, desempregado há 5 meses, diz que em
outros tempos andava pela cidade à procura de vaga nos canteiros de obra."Não
existe mais. Você anda em todo lugar tem canteiro de obras, e grandes, mas tudo
parado", observa.
A baixa escolaridade e qualificação da mão de obra do setor dificulta a
recolocação profissional. Segundo o Sinicon, 50% não têm o ensino médio
completo e 53% têm entre 30 e 49 anos.
O pedreiro Santino Borges, de 47 anos, desempregado há 3 meses, diz que os
trabalhos que conseguiu nos últimos anos foi como ajudante de limpeza."Obra
fracassou, não tem mais serviço mesmo, é muito difícil", afirma.
Obras paradas
A crise fiscal levou o governo federal e os estados e municípios a colocar
o pé no freio nos investimentos (veja números no gráfico abaixo). O Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também emprestou menos.
Os desembolsos do banco para projetos de infraestrutura diminuíram pela metade,
de R$ 38,8 bilhões em 2015 para R$ 19,5 bilhões em 2016.
As grandes construtoras brasileiras enfrentam uma grave crise econômica.
Grupos como Odebrecht, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez encolheram de 2014
para cá. E outras construtoras que vinham em expansão, como UTC e Galvão Engenharia,
pediram recuperação judicial.
Há mais de 8,2 mil obras paralisadas em todo o Brasil, segundo um estudo
de setembro da Confederação Nacional de Municípios (CNM). Outras 11,2 mil
deveriam estar em andamento, mas não foram sequer iniciadas por atraso no
repasse de recursos previstos no orçamento da União.
Imóveis encalhados
Além das obras de infraestrutura, o mercado imobiliário é outro segmento
da construção civil que ainda sofre com a crise. O número de imóveis novos ofertados
no país começou a cair em 2017. O estoque, no entanto, continua elevado e acima
da média do período pré-crise.
Levantamento da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias
(Abrainc) mostra que a oferta total média disponível em 2017 está em 119.823
unidades, ante 116.308 em 2016.
“Essa é a pior crise que o setor já
teve. Nessa, a queda foi abrupta", arma José Carlos Martins, presidente da
CBIC Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC)."Uma coisa é você
estar caminhando e tropeçar. Outra, é você estar correndo e tropeçar. O tombo é
muito maior”.
Ele explica que a atual crise chegou também após um ciclo de grande aquecimento do mercado, que teve nos últimos anos um "boom" de
lançamentos imobiliários.
No mercado imobiliário, a expectativa é que a recuperação comece um pouco
antes, uma vez que a atividade é menos dependente de investimento público e de
projetos de concessão ou licitação. A retomada dos lançamentos, entretanto,
continua sendo limitada pelo excesso de oferta, demanda ainda fraca e preços em
queda.
“Por mais que o mercado imobiliário tenha começado a dar uma recuperada,
ainda é ínfimo ao que foi há algum tempo atrás. Nos últimos 2 anos, tivemos
menos lançamentos do que vendas. Ou seja, mesmo que as vendas tenham caído, os
lançamentos caíram muito mais", disse José Carlos Martins, presidente da
Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Nos últimos meses, os indicadores de vendas e crédito imobiliário
começaram a apontar para uma recuperação, mas o mercado imobiliário ainda segue
distante dos patamares pré-crise. O crédito imobiliário com recursos da
poupança, por exemplo, encolheu de um patamar R$ 112,9 bilhões em 2014 para uma
previsão de R$ 45 bilhões em 2017.
(Portal G1 - Economia - Notícia - 08/10/2017)
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Alguns fatores:
ResponderExcluir1. Obras paradas
2. Imóveis encalhados
3. Desemprego
4. Leilões a milhão
5. Estoques a queimar
6. Distratos
7. Brasileiro vendendo almoço para pagar janta
8. E por aí vai...
Bom, quando começar a retomada da economia, e acredito que deu bons sinais, o último setor a se recuperar será o da construção civil.
São diversas etapas a cumprir antes da retomada do crescimento do setor.
Alguém aqui imagina recuperação em menos de 05 anos?
Mesmo assim, entraremos em uma nova era de imóveis com preços justos, pois não será concebível, economicamente, comprar um apartamento de 46 M2 por R$220.000,00 (02 quartos), conjuntão.
Quem nessa classe social hoje, tem R$110.000,00 para dar de entrada e financiar R$110.000 pagando R$1.800,00/mês + o condomínio (eterno aluguel)?
Portanto, antes de 2023, sem chances dos corvos se jactarem dos ganhos absurdos dos 6%.
Concordo plenamente. Pib per capita de 2013 só volta em 2023. Os brasileiros viveram um conto de fadas coletivo, todo mundo se achando "rico" com o crédito fácil e farto. Acabou a farra, iniciamos a aterrissagem à realidade!!
Excluirqueriam que explicassem como os preços subiram de 2010 para cá, de 90.000,00 (noventa mil) para 1.100.000,00.
ResponderExcluirDeve ser por isso que ninguém consegue comprar, não é ??? Tudo um bando de exploradores, mentirosos, enganadores !!!!!
Resumo :encalhe por anos a fio... vou mais longe 2030.
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